quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Visões da febre.

' Doente. Sinto-me com febre e com delírio
Enche-se o quarto de fantasmas
Uma visão desenha-se ante mim
Debruça-se de leve…

É uma mulher de sonho e suavidade
E disse-me baixinho:
“Eu me chamo Saudade,
E venho para levar-te o coração doente!

Não sofrerás mais; serás fria como o gelo;
Neste mundo de infâmia o que é que importa sê-lo
Nunca tu chorarás por tudo mais que vejas!”

E abriu-me o seio; tirou-me o coração
Despedaçado já sem uma palpitação,

Beijou-me e disse "Adeus!" E eu: "Bendita sejas!…" '

- Florbela Espanca.